Publicado em: 28/08/2022
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Projeto monitorado pelo Semente prevê restabelecer a população de Bicudos e possibilitará trabalho voltado para abelhas sem ferrão

 

Em visita técnica, a equipe Semente, verificou o andamento dos trabalhos que vão restabelecer a população de Bicudos em Minas Gerais e presenciou a inclusão de uma nova atividade de criação de abelhas sem ferrão, com o envolvimento das comunidades tradicionais 

 

 

A equipe Semente visitou, nesta quarta e quinta-feira (24 e 25/08) o projeto “Bicudo: de volta ao sertão de Minas”, desenvolvido pela Associação para a Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro. Os trabalhos são realizados na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Porto Cajueiro, localizada em Januária, no Norte de Minas. 

O projeto foi Contemplado pela 01° Promotoria de Justiça da Comarca de Itabirito, por meio do Termo de Compromisso celebrado nos autos dos Inquéritos Civis nº 0319.13.000107-5, 0319.18.0000.28-7 e 0319.20.000345-1, começou em janeiro deste ano. 

Segundo Renata Fonseca, supervisora do Semente, um  dos objetivos da visita técnica foi ver de perto o andamento dos trabalhos. “Além de realizar o monitoramento das atividades do projeto e o cumprimento das etapas conforme o cronograma previsto, por meio desta visita, foi possível fazer uma análise da região e, em conversa com o proponente e com os parceiros, pensar em futuros projetos que podem ser propostos para a realidade local”, explica. 

Conforme a proposta, pretende-se, por meio deste projeto, restabelecer a população de bicudos em MG. A ave está extinta em mais de 95% de sua área de ocorrência. Além disso, com um remanejamento de recursos, houve a inclusão de uma nova atividade: a criação de abelhas sem ferrão. A atuação é realizada em uma reserva protegida contra caçadores, por meio de ações embasadas em estudos científicos, associadas com ações de fiscalização e envolvimento de comunidades locais.

 

O BICUDO

O bicudo é uma das aves mais ameaçadas do Brasil e está extinto em mais de 95% da área onde vivia, que abrangia a Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. Em MG, os últimos registros confiáveis de bicudos na natureza possuem mais de 70 anos. 

A forte pressão de caça sobre as populações de bicudo (sporophila maximiliani) em todo país levaram sua população a níveis alarmantes, sendo extinto em quase todas as regiões de ocorrência histórica. Paradoxalmente, é uma ave com centenas de milhares de indivíduos em cativeiro a partir de criadores.

 

RECURSOS MULTIPLICADOS RESULTAM NA CRIAÇÃO DAS MANDAÇAIAS

A Melipona Mandacaia é uma abelha social brasileira, sem ferrão, também conhecida pelos nomes de Amanaçaí, Amanaçaia, Manaçaia e Mandaçaia-Grande

Medindo entre 10 e 11 mm de comprimento, estas abelhas nidificam em árvores ocas. Seus ninhos, com boca de barro, são grandes e, em geral, contêm muitos litros de mel.

Por meio de um remanejamento dos recursos destinados ao Projeto Bicudo, foi possível adquirir cinco colônias - caixa de abelhas do modelo INPA e iniciar um projeto voltado para a multiplicação das Abelhas Mandaçaias, no Norte de Minas. 

 

De acordo com o coordenador de campo do Projeto Social com a comunidade do Cajueiro, o biólogo e geógrafo Rafael Martins Franco, o objetivo é inserir a comunidade nas ações. “Trouxemos algumas colônias (matrizes) para que as pessoas possam criá-las a fim de obter uma possível fonte de renda e, paralelamente, ajudamos a preservar a espécie que está ameaçada de extinção”, afirma. 

Ainda conforme Rafael, na primeira etapa há a aquisição de abelhas mais fortes a fim de estimular a divisão das colônias para multiplicação por meio da criação racional. “Alimentamos as abelhas para depois dividi-las, inclusive, com as pessoas para que cada um possa criar as abelhas em seus quintais e fazer a multiplicação”, define. 

A outra etapa consiste na aquisição de abelhas de outras espécies, como a Uruçu Amarela, a fim de desenvolver a prática da meliponicultura - a atividade de criação de espécies de abelhas sem ferrão -  na região. 

 

PORTO CAJUEIRO 

A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Porto Cajueiro apresenta um conjunto de características primordiais para a conservação do bicudo, que por sua vez possibilitam a execução de ações visando o repovoamento da região, com destaque para: presença de ambientes preservados utilizados pela espécie (inúmeras veredas, vegetação ribeirinha e demais áreas alagadas); uma ótima estrutura para o desenvolvimento do projeto, sendo o acesso restrito e a caça efetivamente coibida; é uma região de ocorrência histórica da espécie, cujo último exemplar foi registrado na natureza há mais de 70 anos. Além de auxiliar a conservação da espécie considerada criticamente ameaçada de extinção, beneficiaremos também a comunidade tradicional de Porto Cajueiro.

De acordo com o coordenador do projeto, o biólogo Gustavo Malacco, o sucesso desses trabalhos representa o sucesso da região do ponto de vista da conservação e também das pessoas. “A realização do projeto com os Bicudos, somada ao trabalho de agrofloresta e das abelhas sem ferrão, ainda com a participação das comunidades tradicionais, por meio de um trabalho de conscientização, sensibilização e muita pesquisa, possibilitará a conciliação do projeto proposto com a geração de emprego e renda” afirma. 

Durante a visita, a equipe Semente pôde acompanhar a soltura de um casal de bicudos e realizar o monitoramento de outros soltos no local. Ainda segundo Malacco, essa foi a atividade mais importante da visita. "Acompanhar a reitrodução de um casal de bicudos foi a parte mais importante da visita técnica. Trata-se de uma espécie criticamente ameaçada e, portanto, este é um trabalho pioneiro no Brasil - para devolver o Bicudo ao sertão de nosso país", destaca. 

A previsão é que o projeto seja finalizado em janeiro de 2023 e, a partir daí, conforme Malacco, o projeto possibilitará o desenvolvimento do turismo de observação de aves. "Pretendemos que futuramente essa reserva seja um ponto de turismo e a própria comunidade se beneficiará, pois poderá exercer outra atividade econômica, atrelada, à preservação ambiental", conclui.

 

 

 



 

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